Gabriel Haesbaert (Diário)
Mariana Siqueira ajudará na produção do jardim com plantas nativas do Estado
Uma arquitetura simples, com uma área central florida reforçando o sentido afetivo. Esta deve ser a composição do memorial que será construído no prédio onde funcionava a boate Kiss. Pela segunda vez, a arquiteta paisagista Mariana Siqueira 36 anos, esteve em Santa Maria para tratar sobre o memorial em homenagem às vítimas.
Foto: reprodução
Projeto vencedor do concurso do memorial prevê um jardim em seu interior
Em um encontro na Universidade Federal de Santa Maria, no último final de semana, foi debatido com os familiares professores, alunos e comunidade como será montado o jardim, previsto no projeto vencedor do concurso, do arquiteto Felipe Zene Motta, de São Paulo (SP). A ideia é investigar possibilidades de utilizar as plantas nativas para manter viva a memória dos 242 jovens e também valorizar a natureza e as paisagens sulinas.
_ O memorial tem uma importância emocional muito grande para as famílias e para a cidade. O que mais me chamou atenção foi a proposta de ser um jardim naturalista, que tem alta biodiversidade, muitas espécies e que normalmente usa capins, ervinhas, arbustinhos na composição, como é isso que eu trabalho com isso em Brasília, no cerrado, com jardins naturalistas, eu senti que eu podia contribuir com esse projeto em Santa Maria_ conta Mariana.
Assim que foi divulgado o projeto vencedor, em abril deste ano, Mariana entrou em contato com o arquiteto e urbanista Felipe Zene Motta de São Paulo para fazer parte da equipe. A primeira visita gerou a pesquisa: prospecção de plantas onde foram feitos dois levantamentos, um sobre espécie exóticas encontradas em Santa Maria, o que se encontramos no viveiros e outro que traz as espécies nativas do pampa gaúcho.
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Já foi feito um passeio pela Quarta Colônia para procurar plantas nativas, essa atividade constitui a primeira etapa que consiste em ampliar o levantamento de espécies com potencial paisagístico
_ Santa Maria está localizada bem na transição entre pampa ao sul e mata atlântica ao norte e no jardim a gente vai precisar usar plantas de dois ecossistemas, tanto nativa quanto exóticas. Então, agora a gente vai buscar essas plantas, obter as sementes delas para fazer a reprodução em viveiro, e fazer uma série de testes para ver como elas se comportariam no jardim, e por fim para utilizar_ explica Mariana.
MANUTENÇÃO
Mariana explica ainda tem um caminho longo pela frente, a manutenção seria feita pelos próprios familiares da associação. Como todo o processo envolve pesquisa da universidade, alunos poderiam participar de todo produção de introdução da flora e também de manutenção do jardim, esse seria o cenário ideal, conforme a paisagista.
Além disso, as plantas nativas têm grande importância porque o jardim pode ser uma ferramenta estratégica na conservação da natureza ao criar vínculos afetivos entre as pessoas que vivem na cidade e as plantas que estão na natureza.
_ Seria um modo da gente mudar o olhar das pessoas para as plantas que ocorrem naturalmente na região. A gente deseja também ao trazer uma inovação para esse jardim, ajudar a promover uma mudança de olhar para a própria história da Kiss principalmente para dos familiares porque a gente percebe que hoje eles não se sentem tão apoiados, mais por conta da imagem negativa que isso gerou para a cidade. A gente gostaria de gerar um processo mais amplo de transformação e valorização e que isso ajude eles a perceber que eles são queridos e que tem pessoas que querem apoiar, além de mudar todo aquele cenário_ diz Mariana emocionada.
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Para o vice-presidente Flávio Silva a ideia foi aceita por todos integrantes da associação. Além de conseguir agregar o pedido dos familiares, algo simples e natural.
_A ideia genial, até então a gente passa pelo campo, vê as flores bonitas, mas nunca olhou parou para pensar no valor que elas realmente tem. Para nós essa ideia é louvável, inclusive temos um grupo que está acompanhando tudo ao lado do pessoal da Universidade. Queremos acompanhar a gestação desta criança, desde o apoio na coleta de semente, assistindo o plantio e o desenvolvimento delas. é uma pessoa de uma sensibilidade incrível_ diz Flávio Silva.
O MEMORIAL
O projeto do Memorial da Kiss foi escolhido após um concurso em que participaram projetos de todo o país. Agora, o projeto passa por uma fase de finalização e deve ser entregue ainda neste mês para a prefeitura, para que sejam aprovados os trâmites legais. Só depois disso é que será feita a captação de recursos para a construção do memorial. A obra também depende da demolição do prédio onde funcionava a boate, ainda sem data.